As Luas de Júpiter

Os homens criaram os deuses e os deuses são um reflexo das fraquezas e tentações dos homens. Vejamos: Io, Europa, Ganimedes, Calisto, e por aí fora. As primeiras luas de Júpiter avistadas desde a Terra foram baptizadas com os nomes dos amantes de Zeus. Como a promiscuidade do deus grego é lendária, mas não suficientemente empenhada para dar nome aos 67 satélites entretanto vistos a andar à volta do gigante gasoso, dos amantes passou-se para a descendência. Ainda assim, ficou astronomicamente registado o critério inclusivo de Zeus: tanto varria uma Europa como um jovem Ganimedes.


Não só das projecções divinas vive a nossa ideia da Grécia Antiga. A rebaldaria helénica chegou-nos, salvo seja, em letra de forma. Estratão, por exemplo, pôs em verso epigramático os hábitos de uma sociedade homoerótica. E na hora de versejar a pederastia, o poeta de Sardes, cantor do «suor de um rapaz a sair do ginásio» e da beleza efémera da adolescência, desprezou as musas e invocou a Zeus, o pai d’égua ambivalente do Olimpo. Que ponha os olhos neste teatro de luxúria quem acredita, para o bem e para o mal, na seta do progresso como um imperativo termodinâmico. Nem os «chapitôs» se atreveriam a menear uma causa tão «fracturante».

Esta entrada foi publicada em Uncategorized. ligação permanente.

Deixe uma Resposta

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Imagem do Twitter

Está a comentar usando a sua conta Twitter Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s