Diários de Granada (7-6-2014)

Em Granada há um templo com mil janelas onde a morte vem chorar. «Ali», disse-me uma vez um ancião, «é o reino dos abutres e há antigas alimárias amontoadas nos claustros». Era também o nosso refúgio, antes de enxotarem o vinho e o incenso para o degredo pagão. Abrigados, sem pátria – ninguém era digno do nosso sacrifício, não antes do milagre entretanto perdido na neblina das escolhas –, batíamos à porta do purgatório disfarçados de lobo e com um mal impronunciável pela mão. E era então que, franqueada a entrada com a força do ódio, redefiníamos o conceito de perda irreparável.

Granada #166b

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