Diários da Sicília (6)

Outubro de 1860. Don Fabrizio vai à caça com Tumeo, fiel escudeiro, e os cães, e o aroma a tomilho, e as murtas e as giestas, e as pensativas paragens dos animais à espera da presa. Nessa altura, “[r]eduzida a estes elementos essenciais, sem a máscara das preocupações no rosto, a vida assumia um aspecto tolerável.”. É então que surge, desde o cimo de um monte, o “verdadeiro rosto da Sicília, rosto que converte cidades barrocas e laranjais em ninharias desprezíveis”. Diante de Don Fabrizio e Tumeo, “[a] paisagem árida ondulava até ao infinito, colina após colina, desolada e irracional, e nenhum espírito podia descobrir-lhe as linhas principais, concebidas numa fase delirante da criação; era como um mar que se tivesse petrificado de repente, quando uma mudança de vento enlouquecera as ondas”.

Carlos M. Fernandes, Sicília, 10 de Setembro de 2012

Esta entrada foi publicada em Uncategorized. ligação permanente.

Deixe uma Resposta

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Imagem do Twitter

Está a comentar usando a sua conta Twitter Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s