“- Veja meu bom amigo, se com este panorama se não casam bem as tristezas!…
O mar é grande consolador, meu amigo. É triste, mas solene. A sua voz é austera, mas também geme connosco. Já vê que a minha solidão não é desprovida de encanto.”
Manuel Pinheiro Chagas (1842-1895), no romance Tristezas à Beira-Mar, situado na Ericeira selvagem do século XIX, outrora germe da fatalidade portuguesa, hoje motivo de contemplação e melancolia. Fatalidade e melancolia, respostas possíveis, irmanadas, perante as interrogações de uma “força elementar de raízes insondáveis”, frase usada por Sebastião Diniz no seu “Ericeira, um Lugar na Literatura” para descrever este mar atlântico que castiga sem piedade as ribas da terra dos ouriços.
Carlos M. Fernandes, 19 de Agosto de 2012