Numa varanda com uma nesga de Atlântico, vigio a costa da Sicília desenhada num mapa de um velho álbum, espalho livros sobre a mesa e tento planear os últimos cinco dias de viagem. Alguns nomes destacam-se: Siracusa, Agrigento, Sciacca, até mesmo Messina. Há o mar, o interior, a Sicília grega e os pequenos portos de pesca encavalitados nas falésias. Há um mundo infinito numa ilha do Mediterrâneo. Mas há também Palermo, que é obrigatória e não deixa espaço para muito mais, depois das incontornáveis, por compromisso e vontade, Catania e Taormina. Assalta-me a angústia. E sinto a tentação de partir sem qualquer plano para esses últimos dias. Ir á deriva. Ignorar o voo de regresso. Continuar. Deixar o tempo decidir a volta. Continuar a sonhar.
Carlos M. Fernandes, 15 de Agosto de 2012