—¿Qué quería el niño, señora?
—Mi mano —dijo Mamá.
—¿Su mano?
—Tenía miedo.
—¡Ah!
La Domi relajó su expresión y en sus ojos brilló una chispa de ternura:
—A saber qué tendrá la mano de una madre —dijo.
Mamá adoptó un gesto duro para replicar:
—Lo malo es luego —dijo—, el día que falta Mamá o se dan cuenta de que Mamá siente los mismos temores que sienten ellos. Y lo peor es que eso ya no tiene remedio.
Miguel Delibes, El Príncipe Destronado.
E assim termina El Príncipe Destronado de Miguel Delibes: com uma síntese do temperamento de Castela. Autoridade, realismo e uma distância emocional, que parece desencanto e défice de empatia, mas que não é mais do que uma adaptação quase epidérmica à paisagem monótona e marrom do planalto castelhano. Uma terra severa que não se dá bem com fraquezas emocionais. E uma paisagem humana que contrasta com a sociedade ultra-protectora e igualitária do sul. É por isso que na Castela e Leão de Delibes também há príncipes, mas estes vêm ao mundo com uma regência a prazo: o nefasto igualitarismo sempre teve alguma dificuldade em passar de Despeñaperros. Lá para cima, onde o Mediterrâneo perde o seu domínio para os campos antigos, as mães sabem que nem sempre vão ter uma palavra de consolo. Porque não há palavra ou consolo que sossegue a precária condição humana.
Carlos M. Fernandes, Julho de 2012